Visitei a 36a. Bienal de São Paulo e me chamou muita atenção o fato de que muitas obras eram têxteis. O tecido é esse material que está presente tanto na nossa vida de diferentes maneiras – ele pode cobrir nosso corpo, ele pode ser uma tenda, ele pode cobrir a mesa pro jantar. É muito representativo para a vida da humanidade em diversos momentos da história.
E olhando as críticas sobre o fato de a Bienal ter pouca legenda portanto pouco texto. Ironicamente TEXTO e TÊXTIL tem a mesma origem etimológica, quer dizer uma trama, seja de palavras ou de fios ou do que quer que seja. Os têxteis da bienal apareceram com tramas de diversos materiais inclusive uma tela feita com tampas de garrafa que virava uma espécie de casinha.
O tecido cobre a humanidade e da uma nova pele necessária para fazer parte da vida em sociedade. O homem nu é considerado selvagem, livre, ousado, vulneral mas também corajoso. A roupa esconde mas também mostra pra que a gente veio.
As tramas fabricam as tendas dos desalojados, a rede de pesca, as bandeiras das nações, as cortinas, coisas que fazem os lugares parecem especiais, que fazem parecer nossa casa, que estabelecem uma cultura, um vestígio de gente.
Talvez a grande proposta da Bienal seja olhar o que contam as tramas dos os objetos que fazem parte da nossa vida ou os tecidos que contam as histórias de outras comunidades.
Convido a todos para visitar a 36a Bienal de São Paulo e fazer a sua reflexão. Fica no prédio da Bienal no Parque Ibirapuera em São Paulo até 11 de janeiro de 2026.
