O olfato sempre foi o sentido mais esquivo da literatura — difícil de capturar, mas irresistível para os escritores. Em Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, o aroma de uma simples madeleine mergulha o narrador num oceano de memórias, mostrando como um cheiro pode atravessar o tempo e reconstruir o passado.

Já em As flores do mal, Charles Baudelaire faz dos perfumes uma metáfora poética da alma — ora sensual, ora melancólica —, traduzindo o aroma em ritmo e imagem, como se o cheiro pudesse ser sentido entre os versos.

No romance Perfume Amargo, de João Silvério Trevisan, o odor ganha tons de desejo e culpa, revelando as camadas sensuais e psicológicas do corpo e da cidade. E em O Perfumista da Inconfidência, de Cynthia Luz, o perfume aparece como enredo histórico e poético: um alquimista mineiro do século XVIII mistura essências e segredos, transformando aromas em resistência e arte.

Mas o ápice dessa tradição é sem dúvida O Perfume, de Patrick Süskind — a história sombria de Jean-Baptiste Grenouille, homem sem cheiro próprio, obcecado por capturar a essência perfeita. Um romance que transforma o olfato em linguagem e o perfume em poder, desejo e morte.

Na literatura, o cheiro nunca é apenas perfume: é memória, pecado, identidade e destino — o invisível que o texto faz respirar.

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