A anosmia é a perda total ou parcial da capacidade de perceber odores e pode se manifestar de diferentes formas, dependendo de sua origem e características. A anosmia congênita ocorre quando o indivíduo nasce sem a capacidade de sentir odores, geralmente devido a fatores genéticos ou à ausência do bulbo olfativo, como observado em casos de Síndrome de Kallmann, que combina anosmia com hipogonadismo (Mombaerts, 2004). Por outro lado, a anosmia adquirida é aquela que surge ao longo da vida, podendo ter causas traumáticas, quando há lesões na cabeça que danificam os nervos olfativos; causas virais, como frequentemente ocorreu em infecções respiratórias — incluindo a COVID-19; ou causas tóxicas, decorrentes da exposição a produtos químicos e poluentes. Além disso, há a anosmia relacionada ao envelhecimento, conhecida como presbiosmia, que é a perda progressiva do olfato com o avançar da idade (Doty, 2012).
Existe também a anosmia temporária, geralmente causada por processos inflamatórios ou obstruções nas vias aéreas superiores, como rinites, sinusites e gripes, nas quais o olfato retorna após o fim do quadro. Outro tipo é a anosmia específica, que consiste na incapacidade de perceber determinados compostos odoríferos, enquanto o restante da capacidade olfativa permanece preservado. Isso ocorre devido à ausência ou disfunção de receptores olfativos específicos no genoma, como no caso de pessoas que não conseguem detectar o odor da androstenona, um composto presente no suor humano (Mombaerts, 2004).
Por fim, a anosmia também pode ser um sinal precoce de doenças neurodegenerativas, como Mal de Parkinson e Alzheimer, funcionando como um marcador clínico importante, muitas vezes antecedendo outros sintomas mais evidentes dessas patologias (Doty, 2012). Assim, a anosmia não é apenas uma disfunção sensorial isolada, mas um fenômeno complexo que envolve fatores genéticos, neurológicos, ambientais e até culturais.
Para se aprofundar mais no estudo da perfumaria, sugerimos a experiência da nossa oficina de perfumaria. Para saber mais clique aqui.
Referências:
-
MOMBAERTS, Peter. Genes and ligands for odorant, vomeronasal and taste receptors. Nature Reviews Neuroscience, 5, 263–278, 2004.
-
DOTY, Richard L. Olfactory dysfunction in Parkinson disease. Nature Reviews Neurology, 8, 329–339, 2012.
-
HERZ, Rachel S. The Scent of Desire: Discovering Our Enigmatic Sense of Smell. New York: Harper, 2007.