O conceito de sinestesia natural, em Tim Ingold, parte da compreensão de que a percepção humana não opera por meio de sentidos isolados, mas como uma experiência sensório-motora integrada e contínua. Para o autor, perceber é estar envolvido ativamente no mundo, em um processo onde os sentidos se entrelaçam no próprio ato de habitar e acompanhar os fluxos da vida (INGOLD, 2011). Essa perspectiva rompe com a visão moderna e cartesiana que fragmenta os sentidos em canais separados, como visão, audição, olfato ou tato, e defende que essa separação é uma construção cultural, não uma realidade da experiência (INGOLD, 2000).
Na prática, a sinestesia natural se manifesta quando os sujeitos interagem com o ambiente de forma sensível e encarnada — caminhar, colher, cheirar, tocar e ouvir são ações que ocorrem simultaneamente, implicando um engajamento corporal pleno. Assim, o olfato, por exemplo, nunca se apresenta como uma percepção isolada, mas sempre vinculado ao movimento, ao espaço e à articulação com outros sentidos. Como afirma Ingold (2011, p. 12), “a percepção é um modo de estar no mundo que não separa sentir de agir”, sendo a sinestesia natural não uma exceção, mas a própria condição de estar vivo.
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Referências:
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INGOLD, Tim. Being Alive: Essays on Movement, Knowledge and Description. London: Routledge, 2011.
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INGOLD, Tim. The Perception of the Environment: Essays in Livelihood, Dwelling and Skill. London: Routledge, 2000.